O candidato a prefeito de João Pessoa do PL, Marcelo Queiroga, surpresa nessa primeira etapa da eleição da capital, está com “sangue nos olhos”. Sangue verde-amarelo (ficou assim depois da apropriação pátria).
Mesmo em larga desvantagem nos números do primeiro turno (49% x 21%), vai apostar na paixão bolsonarista (muitas vezes cega), para chegar nos indecisos, e tirar os votos menos fiéis de seu adversário, Cícero Lucena (PP), candidato à reeleição.
Segundo a última Quest, pelo menos 11% dos que disseram que votariam no prefeito, podiam mudar de voto. Esse é um dos focos do ex-ministro.
Em outra frente, deve fazer apostas para chegar no eleitor apático e sem muitas ligações ideológicas. Aquele eleitor mais volátil, mais susceptível a mudanças.
Pretende atingir esse nicho trabalhando na descredibilização da gestão atual. Em um recorte, repetirá a fórmula do primeiro turno de ligar prefeitura ao “crime organizado”, com o mal, com o “satanás”, como disse em recente postagem nas redes sociais.
A Operação Território Livre da PF, por exemplo, que investiga a primeira-dama Lauremília Lucena, e a Mandare, que investiga a filha, Janine Lucena, serão trazidas paro jogo como forma de tocar naqueles que desconfiam da “moralidade” da gestão pública.
Ambas as operações ligam aliados de Cícero a facções criminosas, segundo a PF.
Com esse gancho, retomará um discurso que ficou afastado no primeiro turno, mas é trunfo do bolsonarismo: o dos valores morais, do bom costume, da família e da pátria.
Por consequência, colocará carga emocional, sensível. Isso porque no debate de soluções concretas para cidade Queiroga ainda patina.
Mas não dá para subestimar. Trabalha, agora, para gerar o sentimento de necessária mudança, para a “limpeza” moral.
Conta para ajudar nesse discurso, a habilidade retórica do vice, Sérgio Queiroz (Novo), que sabe bem usar as palavras para tocar no coração.
Nesse momento, com campanha curta, e necessidade de tiros rápidos, não se engane, que a dupla quer menos racionalidade e mais emoção. É o alimento da alma até do eleitor, quando ele está inseguro e sem fé.
Cabe a Cícero (e seu grupo) mostrar que há segurança, estabilidade, na realidade com concreta. Já vem fazendo isso ao passear por obras prontas e em execução, quando busca mostrar ainda que é preciso experiência de gestão.
Mas esse é um tema para outro post.