A abertura do evento foi realizada pelo prefeito Paulo Serra, que destacou a tradição do município para as questões ambientais. “Santo André é uma cidade privilegiada por ter um departamento de gestão ambiental que atua há 26 anos em prol das políticas públicas sustentáveis e de meio ambiente tão importantes na agenda, que hoje é fundamental para a resiliência das cidades”, comenta.
A mesa de abertura teve participação da superintendência e da diretoria de gestão ambiental do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), além de representantes do Comugesan (Conselho Municipal de Gestão e Saneamento Ambiental de Santo André) e da Secretaria de Meio Ambiente.
A programação da manhã contou com a participação de convidados que discutiram sobre a relação de parceria entre os povos indígenas e o meio ambiente; o papel do planejamento territorial na transição justa; os processos de mitigação e adaptação no contexto dos desastres urbanos; e os desafios do combate à desinformação na política pública brasileira relacionada às temáticas de educação ambiental.
“A correlação dos assuntos apresentados neste primeiro momento da conferência é essencial para que possamos entender como tudo está interligado. A relação de respeito dos povos originários para com o meio ambiente e como isso se perdeu na sociedade atual, como os governos devem preparar suas políticas públicas para remediar os impactos negativos e o papel de todos na sensibilização sobre as questões ambientais. A natureza e o ser humano vivem uma relação de simbiose, mas somos predadores de longo prazo e este cenário tem urgência em mudar”, comenta a diretora de gestão ambiental do Semasa, Eriane Justo Luiz Savóia, que presidiu a conferência, em conjunto com a sociedade civil.
Na parte da tarde, os participantes se dividiram entre os cinco eixos temáticos para discussão e votação das dez propostas de enfrentamento às mudanças climáticas no âmbito andreense. As propostas escolhidas, por eixo, foram:
Eixo temático 1: Mitigação – redução da emissão de gases de efeito estufa
1) Implementar corredores ecológicos para enriquecimento da biodiversidade.
2) Implementar a tarifa zero e reorganizar o transporte público para tornar mais eficiente o atendimento das demandas locais.
Eixo temático 2: Adaptação e preparação para desastres – Prevenção de riscos e redução de perdas e danos
1) Implantar projeto de cidade esponja, considerando as ilhas de calor, com jardins de chuva, corredores verdes, árvores nas vagas, entre outros, a fim de melhorar a sensação térmica, drenagem e diminuir a poluição do ar e sonora.
2) Ampliar o circuito de ciclovias e ciclofaixas, com corredores arborizados e interface técnica entre a gestão de mobilidade urbana, para melhoria da saúde ambiental, qualidade de vida e controle da qualidade do ar.
Eixo temático 3; Justiça climática – superação das desigualdades
1) Garantir que as HIS (Habitações de Interesse Social) sejam adaptadas com tecnologias sustentáveis
2) Implementar o Programa Periferia Viva para priorizar famílias em situação vulnerável expostas ao risco.
Eixo temático 4 – Transformação ecológica – Descarbonização da economia com maior inclusão social
1) Criar programas de agroecologia, implantação de hortas e sistemas agroflorestais.
2) Substituir a faixa de asfalto nas margens de rios e córregos por corredores verdes com implantação de ciclovias.
Eixo temático 5: Governança e educação ambiental – Participação e controle social
1) Criar o SUA (Sistema Único Ambiental) para promover soluções locais, conectando comunidades e instituições por meio da contratação e formação de agentes comunitários, com verba garantida nos orçamentos.
2) Ampliar os centros de educação ambiental integral e descentralizados.
Como parte do encontro, a delegação que representará Santo André na conferência estadual, que ocorrerá em março de 2025, também foi escolhida, sendo cinco representantes da sociedade civil e um do poder público. Na etapa nacional, programada para ocorrer em meio do ano que vem, o Governo Federal e os representantes dos estados vão deliberar sobre as propostas que vão compor a Política Nacional de Mudanças Climáticas e que será válida para todo o País.
A Conferência Municipal do Meio Ambiente de Santo André foi realizada pelo Semasa, com participação da sociedade civil, por meio do Comugesan e contou ainda com apoio da Secretaria de Meio Ambiente da Emea Parque Tangará.
*Publicação comemorativa da gestão ambiental andreense* – Há 26 anos, surgia um novo Semasa, que passou a adotar o modelo de saneamento ambiental integrado, se tornando precursor no Brasil. Foi naquele ano que nasceu o Departamento de Gestão Ambiental, fazendo com que a autarquia passasse a se responsabilizar pelos serviços de fiscalização ambiental, licenciamento e educação ambiental. Para contar toda esta trajetória, o Semasa lançou no sábado, oficialmente, o livro que conta a história de 25 anos da gestão ambiental andreense.
“Santo André já estava antenada em 1998 para as questões ambientais, que se tornaram cada vez mais urgentes. O livro é fruto deste processo, que se concretiza com a criação do departamento. Mas é importante destacar a contribuição das pessoas que vieram antes, trazendo a sua visão de futuro para aquele presente. A publicação traz grande parte desta trajetória que não podemos esquecer, mesclando a história forte do Semasa, de seus quadros técnicos e da sociedade organizada, crítica, que reflete nas ações do poder público”, explica o superintendente adjunto do Semasa, Edinilson Ferreira dos Santos.
A publicação traz relatos e entrevistas de personagens importantes destas duas décadas e meia de história, elencando as conquistas, avanços e desafios destes últimos anos. Em breve, a versão digital da obra estará disponível no site do Semasa.
*Programação multicultural* – Durante todo o sábado, os espaços da Emea e do Parque Escola abrigaram uma ampla programação sustentável, com a realização da 3ª edição da Emea Pró-Clima, e de troca e conhecimento com povos originários, durante a 18ª Feira de Cultura Indígena, promovida em parceria com o Instituto Social Cultural Brasil, a Secretaria de Cultura e o Semasa.