O prefeito Cícero Lucena (PP) fez história neste domingo (27). Foi eleito para um quarto mandato à frente da prefeitura de João Pessoa, uma marca histórica jamais alcançada por outro político. Parte desse resultado deve-se a escolhas feitas por sua equipe no decorrer da campanha.
Uma delas, a estratégia adotada diante de crises e com adversários experimentados na política, como é o caso do deputado federal Ruy Carneiro (Podemos) e do ex-prefeito Luciano Cartaxo (PT). Ambos ficaram pelo meio do caminho, no primeiro tuno.
No embate, que teve ainda Marcelo Queiroga (PL) no front, Cícero optou por um discurso sem viés ideológico extremo, baseado no diálogo com forças da esquerda (insatisfeitas com Cartaxo) e da direita.
Com uma eleição em dois turnos e tendo um adversário (Queiroga) na segunda etapa que vestiu, completamente, a bandeira do bolsonarismo, isso foi decisivo para a vitória.
Esse perfil mais independente, aliás, já era apontado como um caminho a ser trilhado pela Quaest sem suas pesquisas.
A história da disputa, contudo, teve um outro complicador. As investigações da Polícia Federal nas operações Território Livre e Mandare foram um desafio a mais para Lucena. O impacto foi inevitável.
Com familiares afetados diretamente por ordens de prisão e de busca, Cícero precisou se desvincular da crise e a narrativa da vitimização, juntamente com o realce das ações da gestão, criaram um ambiente de redução de danos para o candidato.
Questionado por opositores nos debates, Cícero conseguiu convencer o eleitorado de João Pessoa que este não deveria ser a temática determinante na disputa.
O resultado dessas escolhas foi um percentual de quase 64% dos votos, que possibilitará ao prefeito um pouco mais de fôlego para um eventual 3º turno na Justiça.
É lógico que a construção das alianças no período pré-eleitoral, a força da caneta de prefeito, assim como a boa avaliação da gestão, também contribuíram para o sucesso nas urnas. Mas a escolhas, feitas durante o processo eleitoral, colocaram o prefeito em uma posição privilegiada.
A campanha de Cícero, em resumo, acertou o ‘tom’.
