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É uma boa ver Agosto nos 70 anos do suicídio de Getúlio Vargas

Foto/Reprodução.

Sábado que vem, 24 de gosto de 2024, se completam 70 anos da morte de Getúlio Vargas. O presidente se matou com um tiro no coração em seu quarto no Palácio do Catete, Rio de Janeiro.

Getúlio Vargas saiu da vida para entrar na história – está escrito na carta testamento que deixou. “O povo de quem fui escravo não será mais escravo de ninguém” é outra frase célebre da carta.

Nascido em São Borja, no Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas governou o Brasil da Revolução de 1930 ao fim da ditadura do Estado Novo, em 1945. Voltou pelo voto popular em 1950 e ficou no poder até a sua morte.

Em 1954, dizendo que o governo estava afundado num mar de lama, a direita se preparava para dar um golpe. O suicídio de Vargas adiou por 10 anos o golpe, que, afinal, foi dado quando os militares depuseram João Goulart, em 1964.

Nos 70 anos do suicídio de Getúlio Vargas, pode ser uma boa ver (ou rever) Agosto. A minissérie que a Globo exibiu originalmente em 1993 está disponível no Globoplay.

Em 1990, o escritor Rubem Fonseca lançou Agosto. Era um romance que misturava ficção com realidade. Poderia ter dado um grande filme, mas, três anos após seu lançamento, se transformou numa minissérie de televisão.

José Mayer é o comissário Alberto Matos, que investiga o assassinato de um empresário e suspeita que há vinculações entre o crime e o Palácio do Catete. Vera Fischer é Alice, sua ex-namorada que o procura à beira de um surto psicótico.

A narrativa seca e objetiva do romance de Rubem Fonseca foi transposta para a televisão. O roteiro da minissérie é de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil. A direção é de Paulo José.

Mário Lago, Paulo Gracindo, Hugo Carvana, Sérgio Mamberti, José Wilker, Carlos Vereza, Lima Duarte, Stênio Garcia, Ary Fontoura, Cláudio Corrêa e Castro, Milton Gonçalves, Othon Bastos – é impressionante que todos estejam no elenco. É um time dos sonhos que remete a uma era de ouro da dramaturgia na televisão brasileira.

O assassinato do empresário Paulo Gomes de Aguiar, logo no primeiro capítulo, é ficção. O atentado ao jornalista Carlos Lacerda, na Rua Tonelero, é realidade. O romance de Fonseca e a minissérie da Globo fundem habilmente os dois.

Já perto do desfecho, o ponto alto desse casamento entre ficção e realidade se dá no capítulo em que o comissário Matos, na condição de policial, entra nos aposentos de Getúlio e vê o presidente morto.

Agosto, o livro, está nas antologias do romance brasileiro. Agosto, a minissérie, é exemplo do que há de melhor na televisão brasileira.