DownloadA contramestre Larissa Tavolaro Ferreira
A contramestre Larissa Tavolaro Ferreira já se acostumou com os pedidos frequentes para tirar fotos com os passageiros a quem transporta diariamente na travessia marítima São Sebastião – Ilhabela. Aos 44 anos, a primeira comandante mulher dos ferry boats (balsas) e lanchas da frota da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) sempre que pode os atende nos intervalos das operações.
“É engraçado, alguns fazem questão de me abraçar, se emocionam, dizem que sou uma heroína, me dão presentes e chocolates, são amigos e fãs. As crianças gostam muito”, descreve a contramestre. “Ter essa profissão era o que queria para minha vida e tenho orgulho disso”, afirma Larissa, um dos perfis escolhidos pela Semil para homenagear a força feminina na semana do Dia Internacional da Mulher.
Ser pioneira é uma característica na carreira de Larissa. Antes da atual função, foi em 2009 a primeira mulher a ser moço de convés e, posteriormente, também marinheira de convés em 2012, duas funções que sempre estiveram a cargo de homens. “Nunca tive dificuldades com o trabalho porque esse sempre foi o meu sonho”, acrescenta, creditando às origens a força para superar preconceitos de um ambiente historicamente muito masculinizado. “Sou caiçara e criada com pescador, sou muito determinada e sinto a sensação de dever cumprido, de poder estar nessa vida e poder colaborar com o próximo”, completa, entre comandos no rádio ao restante da tripulação.
Casada e mãe de dois filhos, a comandante recebeu o incentivo do marido e acredita que isso a ajudou mais ainda por ser a única mulher entre 150 homens em atividades operacionais no Departamento Hidroviário (DH). “São pequenas batalhas que nos levam a grandes vitórias”, conclui a comandante.
Usina de força
Longe do dia a dia das tábuas de maré e do balanço das ondas no litoral norte paulista, a operadora de controle elétrico Maíra Garcia é a primeira e por enquanto única mulher atuando no coração do complexo hidrelétrico da Usina Henry Borden, em Cubatão. Prestes a completar 100 anos, a Henry Borden pertence à Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) e é um prodígio de engenharia com suas enormes tubulações visíveis inclusive para quem está distante, no litoral.
Manter as turbinas e geradores em operação nas duas centrais do complexo é o desafio diário para Maíra, que sempre foi uma desbravadora. “Em 2018 fiz estágio em uma garagem de ônibus e minha função era a de consertar placas eletrônicas. Lá eu também era a única”, recorda a paulistana.
O operador é alguém que precisa estar sempre muito atento ao funcionamento das máquinas. “Ficamos 24h por dia na usina. Parte da minha função é garantir os geradores funcionando de forma adequada por meio de inspeções e leituras de grandezas”, descreve, observando a situação dos equipamentos. “Esses geradores tem de estar lubrificados e resfriados para o funcionamento ideal”, prossegue Maíra. Aos 35 anos, a única operadora da usina também é responsável pelas manobras de isolamento para garantir o trabalho em segurança das equipes de manutenção e é a primeira a ser acionada em caso de emergência.
Ser a pioneira em uma área crítica e de enorme responsabilidade gerou uma reflexão. “Há falta de referência feminina com essa atuação. Tenho muitos amigos homens que se inspiraram por amigos e familiares, mas com as mulheres, nem sempre acontece esse incentivo nessa área”, analisa. “Não é fácil quebrar paradigmas, mas ao mesmo tempo em que muitos apoiam, então foco mais nessas pessoas para seguir em frente, pois é só isso que importa. Esse é meu conselho para outras mulheres“, completa.
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