Neabi-IFSP participa do VII ERAS E ENNEABI
Encontro reuniu grupos e pesquisadores de toda a Rede Federal
Neabi-IFSP no eventoEntre os dias 13 e 17 de setembro, membros do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do IFSP estiveram presentes no VII ERAS (Encontro das Relações Raciais e Sociedade) e IIV ENNEABI (Encontro Nacional de Neabs, Neabis e grupos correlatos da Rede Federal de Educação) na cidade de São João del Rei (MG). O evento promoveu a troca de experiências com outros Neabi no que diz respeito a ações voltadas para as políticas de ações afirmativas e a proposição de ações direcionadas para o cumprimento das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 na Educação.
Estiveram no encontro os membros Beatriz Barbosa, do Campus São Carlos; Caroline Jango, Henrique Nakamoto, Huyrá Araújo e Marival Santana, do Campus Hortolândia; Lorena Faria, do Campus Capivari; Renne Will, do Campus Registro; Rocio Quispe Yujra, do Campus São Paulo, e Tatiane Salles, do Campus Campinas, além de estudantes integrantes do coletivo de música AfroIF, do Campus Hortolândia.
Com as diversas atividades desenvolvidas no evento, os membros do Neabi se dividiram para participar do maior número de sessões possíveis, visando à apropriação do conhecimento dos trabalhos desenvolvidos por outros Neabis e grupos correlatos da rede, para que estes possam ser compartilhados com os demais membros, com a possibilidade de aplicação no IFSP.
Para Tatiane Salles, bibliotecária-documentalista e co-coordenadora do Neabi-IFSP, “o encontro trouxe reflexões importantes acerca do rumo das relações étnico-raciais nas instituições federais, principalmente dos discentes que ingressam na instituição pela política das ações afirmativas, que nos levaM a pensar mecanismos para garantir a permanência e êxito destes indivíduos na instituição”.
Durante o evento, foram apresentados diversos trabalhos. “A biblioteca como ponto de partida para a educação antirracista”, por Caroline Jango, desenvolvido pelo Neabi, é referente ao diagnóstico e ao fortalecimento das ações nos acervos bibliográficos das bibliotecas do IFSP. Huyrá Araújo apresentou o desenvolvido nos currículos de referência. Foi apresentado por Tatiane Salles o trabalho do projeto de Extensão “Vozes da Ancestralidade”, sobre o resgate da história negra de Campinas, por meio de personalidades negras da cidade, desenvolvido nas unidades de ensino da região. E o trabalho do Marival Santana sobre o protagonismo estudantil nos Institutos Federais.
O professor Marival Santana destaca que “foram dias de intensas atividades. A programação trazia um conjunto significativo de temas e trabalhos a serem abordados. Tivemos várias apresentações culturais, políticas e críticas. O IFMA (Maranhão) trouxe inúmeras atividades apresentadas por seus alunos. O IFTM (Uberlândia-MG) também abrilhantou o evento. Já o IFSP ofuscou os olhos de todos com as apresentações do coletivo de música Afro IF, sob a liderança do professor Henrique Nakamoto”.
Coletivo de música AfroIFA participação do coletivo de Música AfroIF, do Campus Hortolândia, teve a participação de estudantes e contou com o apoio do Neabi e da reitoria do IFSP para custeio de alimentação, transporte e hospedagem. Além disso, uma campanha de arrecadação foi realizada para viabilizar a ida de quatro ex-estudantes, membros do grupo. O grupo realizou duas apresentações, uma durante o evento de confraternização no dia 15, e outra no evento de encerramento, no dia 16, com público estimado de 300 pessoas em cada uma, com bastante animação do público.
Segundo Edu e Wesley, bolsistas do coletivo de música AfroIF, um dos pontos mais significativos para nós foi a troca com o público. “Pudemos ver e sentir a diferença e a importância de um público que entende o significado e o poder do projeto e da música. Um público que vibrou com a gente durante as músicas e que fez o grupo se sentir à vontade para depois da apresentação juntar todo mundo e fazer uma roda de samba!”, contam os estudantes.
Na avaliação do coordenador do projeto, Henrique Okajima Nakamoto, a viagem como um todo proporcionou ao grupo o despertar de um sentido comunitário e inclusivo, e um avanço no entendimento da nossa responsabilidade em colaborar, através da expressão artística, com a luta antirracista. “Além disso, a resposta positiva de um público preto, versado nos códigos do samba e do forró, fez emergir nas apresentações a dimensão da festa, elemento fundamental nas culturas afro-brasileiras, e ato de resistência contra o desencanto do mundo”, destaca o coordenador. Confira um trecho da apresentação do dia 16 e um vídeo sobre o coletivo.
Para Rocio Quispe Yujra, o que chamou atenção no evento foi a apresentação de trabalho de pesquisa realizado na Comunidade Quilombola da Pontinha, abrindo o espaço para discutir a educação decolonial, que trouxe muitas referências de autores, e demonstrou o caminho percorrido por cada autor citado e também pelo próprio pesquisador. “Em um momento de sua trajetória, foi descobrindo sua própria ancestralidade/espiritualidade, culminando em entender todas as potencialidades que essa comunidade tem, e nos orientou também a perceber as necessidades das comunidades que estão mais próximas da gente”, afirma.
Rocio também destaca a apresentação os termos “Colonialidade X Colonialismo” e “colonialidade”, e do músico Tizumba, que faz uso de música e letra para documentar essa comunidade, ressaltando que “o que vale é o que está documentado”. “Vejo muitas das dificuldades e potencialidades destacadas nas apresentações na comunidade da Praça Kantuta [em frente ao Campus São Paulo], que em sua maioria são de origem indígenas aymaras da Bolívia, e sua história na luta da migração e de defesa de seus espaços conquistados em São Paulo. Me inspirou a propor este tipo de trabalho de registro em minha comunidade, de escrever e compor junto aos meus uma letra que contasse nossa história”, explica.